1º ANO - 3º Bimestre


Estruturas e formas do planeta Terra:
os movimentos e o tempo na transformação das estruturas da Terra

Os movimentos das esferas terrestres

·        a litosfera:     o relevo;
·        a hidrosfera: a hidrografia
·        a atmosfera: o clima.

Se a água for aquecida acima de 100°C, ela vai mudar de fase, isto é, evaporará (virará vapor de água) e se transferirá da hidrosfera para a atmosfera.

O ar atmosférico tem diversas temperaturas e a máxima atinge 50°C.  Quando a temperatura está em torno de 33°C, os gases, que compõem a atmosfera, vão ficar mais leves (menos densos) e o ar vai subir (ascender). O ar mais frio, que estava nas camadas mais altas, vai ser empurrado para substituir esse ar que subiu. Ou seja, a variação de temperatura vai colocar o ar em movimento.

Se os materiais que compõem a litosfera forem aquecidos acima da temperatura máxima de 700°C, eles se fundirão (derreterão). Os materiais se fundem, passando para o estado pastoso, o magma, que a se encontra no manto a uma temperatura superior a 700°C, chega a superfície terrestre quando há uma erupção de um vulcão, por exemplo.
Os seres humanos constroem suas vidas e seus espaços em estreita relação com essas três esferas. Eventos como os fenômenos climáticos (precipitações, furacões, frio e calor intensos), fenômenos sísmicos (terremotos, erupções vulcânicas) e ocorrências como enchentes ou a existência de cursos d’água, por exemplo, afetam os seres humanos na superfície terrestre. Os eventos são produtos da movimentação que existe em cada uma das esferas. Na movimentação da atmosfera surgem os fenômenos climáticos; na hidrosfera, os cursos d’água e os oceanos estão em constante movimento e os eventos que envolvem as águas resultam disso; um terremoto é um movimento brusco da litosfera. Resumindo: os movimentos das esferas resultam em eventos naturais que afetam os seres humanos.
·        um maremoto, movimento na hidrosfera, é provocado por terremoto no fundo do oceano, que é um movimento na litosfera;
·        uma enchente, movimento na hidrosfera, é provocada por furacão, que é um movimento na atmosfera.


Estruturas e formas do planeta Terra: os movimentos da crosta terrestre

Com a compreensão de que os movimentos da estrutura terrestre se desenrolam num tempo longo, podemos desenvolver boa parte das teorias sobre a dinâmica das esferas terrestres. Mas, e quanto aos movimentos bruscos, que em tempos mais curtos podem provocar alterações nas formas da superfície terrestre, como a explosão de um vulcão? E um movimento mais lento, como a abertura dos oceanos? Podemos adiantar que, as teorias e pesquisas inovadoras de James Hutton e Charles Lyell não foram capazes de explicar todos os fenômenos que ocorrem na litosfera terrestre.

Um pensamento original e ousado: a deriva continental
Um mapa é uma linguagem espacial e nele é adequado apresentar informações do espaço ou que estão no espaço. Num mapa é muito difícil representar o tempo. Cada mapa é um retrato de um único tempo, de um presente. Se um único mapa é um retrato, para mostrar mudanças deve-se mostrar um retrato de outro momento, depois outro e assim por diante, criar uma sequencia, como na linguagem verbal (para compreender o que se quer falar, passar). Chamamos de cartografia dinâmica, uma coleção de mapas colocados em sequencia, como a “Coleção de mapas sobre a deriva continental: da Pangeia até nossos dias” Eles estão representando um processo natural de escala planetária em cinco tempos:
·        a Terra há 225 milhões de anos, no Período Permiano, a época em que se inicia a abertura dos oceanos;
·        Período Triásico, 25 milhões de anos depois, o grande bloco terrestre já apresenta fragmentos e espaços preenchidos pela água;
·        Período Jurássico, essas aberturas já são maiores, após a passagem de mais 65 milhões de anos;
·        Período Cretáceo, essas aberturas estão ainda maiores, após mais 70 milhões de anos;
65 milhões  de anos depois, essa abertura só fez aumentar.
Os blocos continentais que estavam se formando como fragmentos de uma única massa continental (Pangeia) parecem peças de um quebra-cabeça. A América do Sul parece se ajustar bem à costa ocidental da África. Esse processo representado nos mapas é o de abertura dos oceanos por entre fragmentos de um único bloco continental, o que representa a formação dos continentes que conhecemos.
Os mapas mostram uma dinâmica da natureza, numa temporalidade mais ou menos rápida para a natureza, mas muito longa para o ser humano. Eles estão mostrando que a crosta terrestre não é fixa, e que estamos sobre algo que se movimenta como se fosse uma balsa.
No início do século XX, as pesquisas científicas sobre o mundo natural ainda eram alvo de censura (por exemplo, a censura religiosa) como no passado. O conhecimento geológico estabelecido não considerava essa hipótese de um movimento de afastamento dos continentes. Quando, em 1912, o geofísico e o meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) apresentou essa hipótese, ele foi tratado como um aventureiro, um irresponsável, um “herege”, até pelos seus colegas cientistas. Seus contemporâneos não estavam preparados para essa ideia um tanto desconcertante e não foi fácil para ele suportar a aversão dos discordantes. E os mapas apresentados expressam exatamente o que ele pensava.
A Geologia não sabia explicar os movimentos que geravam os terremotos e tinha pouco entendimento sobre os vulcões, ou seja, muitas perguntas estavam sem respostas. Graças a isso, apostar num movimento da crosta tal como imaginou Wegener era bem razoável como hipótese. Afinal, além dos processos lentos bem apreendidos por Hutton, existiam outros movimentos que permaneciam misteriosos. Pesquisas posteriores encontraram nas costas da África e da América do Sul fósseis de vegetais idênticos, em estratos rochosos antigos. Se são idênticos não é porque estavam próximos, se afastando depois, ao longo de 200 milhões de anos? Isso se confirma com a presença, nos dois lados, de estruturas geológicas e rochas também idênticas. Parece não haver dúvida: um dia esses blocos continentais integravam um único continente. Wegener teve de fato uma intuição genial e revolucionária que inaugurou uma nova era nos conhecimentos sobre a Terra. Aqueles que o censuravam estavam pouco abertos para o novo. Após a morte de Wegener, e depois de constatado o valor de sua hipótese, os geofísicos aproveitaram a porta aberta e foram mais longe na interpretação das estruturas da Terra. Como e por que se dava esse movimento? Os geofísicos notaram que esse movimento de afastamento era possível porque a crosta terrestre era formada por pedaços ou placas, e não por uma única capa de rochas. Essa grande revolução científica aconteceu nos anos 1960. Novas informações no campo da Geofísica marinha propiciaram um melhor conhecimento do fundo dos oceanos e avançou-se no conceito de falhas, na localização precisa dos terremotos etc. Nascia assim a teoria Tectônica de Placas com os trabalhos de J. Morgan, X. Le Pichon e D. McKenzie, entre outros autores. Atualmente, não há Geologia sem considerar a deriva continental, como ficou conhecida a visão de Wegener e a teoria das placas que compõem a crosta terrestre.

Uma cartografia das placas tectônicas

A crosta terrestre é formada por placas que flutuam sobre um material viscoso chamado magma. Inicialmente admitiu-se a existência de 6 placas; hoje estão identificadas aos menos 15 placas: Placa Eurasiática, Placa das Filipinas, Placa Australiana, Placa da Antártica, Placa da Índia, Placa da Arábia, Placa Africana, Placa Sul-Americana, Placa Nazca, Placa Caribenha, Placa Cocos, Placa Juan de Fuca, Placa Norte-Americana, Placa do Pacífico e Placa de Scotia. No interior de algumas placas se encontram os blocos continentais, normalmente, nas placas maiores.
As áreas de encontro das placas são fundamentais para se entender certos eventos geológicos como o vulcanismo e os terremotos. Por exemplo: nota-se que o Japão situa-se no encontro de duas ou três placas (Norte-Americana, Eurasiática e a Placa das Filipinas), e isso tem conseqüências na instabilidade geológica que ali ocorre. A existência dessas placas e o fato de elas se movimentarem trazem para a superfície terrestre consequências que já se sabe e que, aliás, foi por onde essa descoberta começou: a deriva continental.

Riscos em um mundo desigual: catástrofes e prevenção – uma construção do espaço geográfico

Eventos catastróficos para os seres humanos resultam do movimento das esferas terrestres. Aqueles associados à litosfera, como terremotos e explosões vulcânicas, podem ter grande magnitude e muitas vezes nos fazem pensar nas nossas limitações para poder intervir diretamente sobre eles e nos precavermos diante desses eventos naturais.
Vulcões que explodem e devastam os lugares e terremotos que abalam cidades levando destruição são eventos distantes de nossa realidade. Esses são eventos relacionados em sua grande maioria às zonas de encontro das placas tectônicas e, por estarmos no centro da Placa Sul-americana, dificilmente nos atingem.
            Em nosso contexto (urbano), por exemplo, uma área de risco ligada às questões de ordem geológica são os deslizamentos, que são parte do processo erosivo e costumam levar grande perigo às populações desses locais: muitas moradias precárias se encontram em morros, terrenos de elevada inclinação e sem cobertura vegetal.

Como se proteger dos eventos geológicos

Os eventos geológicos podem ter duas origens distintas: associados aos movimentos internos da crosta (tectonismo) ou externos, vinculados aos processos erosivos, de desgaste da crosta. Sem dúvida, os mais perigosos para o ser humano, os que produziram maiores tragédias, são os de grande escala provocados pelo movimento das placas tectônicas: terremotos e explosões vulcânicas.
A medida utilizada é um índice, o número de mortos por cada milhão de habitantes, o que pode ser observado no “Gráfico sobre terremotos”, na mesma página, e que foi organizado a partir do mesmo banco de dados que deu origem ao mapa. Essa é uma anamorfose que mantém as posições geográficas e o que é possível das formas (e não a extensão territorial) dos blocos continentais e de suas regiões internas. Assim, vemos regiões de dois continentes (África e América do Sul), onde os índices de morte em terremoto são bem baixos, representadas por um traço bem fininho. Nas áreas aumentadas, os índices são mais elevados, como no leste asiático. Dessa maneira, por exemplo, o Japão está quase do mesmo tamanho que a América do Sul ou a África. Se observarmos as zonas de encontro das placas no “Mapa das placas tectônicas”, na página 20, associamos os índices de mortos em terremotos. O que explica o desenho do centro e do sul da África é o fato de ser um segmento do bloco continental que se encontra no centro da placa tectônica africana.
Para chegar mais próximo da complexidade da questão das mortes em terremotos, é preciso ter em conta mais um dado da realidade: entre 1975-2000, estima-se que tenham morrido 471 mil pessoas em decorrência de terremotos. Dessas, 52% foram na China e 16% no Irã. O maior número de vítimas num único tremor foi em 1999, na Turquia (18 mil pessoas), mas esse número foi atribuído, em parte, à pobreza e à fragilidade das habitações, e nem tanto à força do tremor. Encontrou-se aí uma variável fundamental para entender os desastres ligados a terremotos e explosões vulcânicas: há populações mais protegidas e preparadas para os impactos dos desastres naturais que outras, e isso vai interferir no número de vítimas. Para tornar mais concreta ainda essa variável fundamental, vamos ler dois casos nas páginas 41 e 42: o do vulcão Nevado Del Ruiz e do vulcão Vesúvio.
No primeiro caso, em Armero morreram ¾ da população da cidade, ou seja, quase todo mundo. O intervalo entre a explosão do vulcão e a enxurrada de lama foi de 8 horas. Uma maneira fundamental de prevenir desastres provocados por erupções vulcânicas deve ser a combinação de informações científicas: monitoramento da atividade do vulcão somada a estratégias coordenadas para rápida evacuação da população dos locais de risco. Caso isso existisse em relação ao vulcão e à comunidade de Armero, a tragédia não teria sido tão grave. A baixa eficiência desse controle foi responsável pela envergadura da tragédia. Já o segundo caso, é um bom exemplo de controle passivo eficiente pelos seguintes motivos: existe um observatório com equipamentos e cientistas estudando cotidianamente o vulcão, que está ativo, e nenhuma erupção pegará de surpresa a população, como no caso do Nevado Del Ruiz. Os estudos não ficam apenas na atividade atual do vulcão, volta-se no tempo para saber qual é a sua verdadeira potência, visando aperfeiçoar os planos de proteção e evacuação. Para ter idéia do risco ao qual as populações estão submetidas e como é desigual o controle passivo, segundo as condições dos países, veja: existem alguns milhares de vulcões no mundo, mas somente cerca de 500 são ativos e bem estudados, outros 150 são monitorados e pouco se sabe sobre o restante.

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