3º ANO - 3º BIMESTRE


O CONTINENTE AFRICANO
Localização do continente

A África é o único continente que possui terras em todos os hemisférios. Ela é cortada pelo Equador, apresentando terras nos hemisférios Norte e Sul, assim como pelo Meridiano de Greenwich, possuindo terras nos hemisférios Ocidental e Oriental.
Devido a grande extensão territorial do continente no sentido Norte/Sul, a África possui terras em três zonas Térmicas, sendo que, a maior parte do continente encontra-se na Zona tropical, pois está ao sul do Tropico de Câncer e ao norte do Tropico de Capricórnio.  O extremo norte situa-se na Zona Temperada Norte, e o extremo sul, na Zona Temperada Sul.
O Istmo de Suez é considerado a fronteira oficial entre a África e a Ásia, o que faz da Península do Sinai território asiático, que, no entanto pertence a um país do continente africano, o Egito. O Mar vermelho é a fronteira marítima entre a África e a Ásia.
A Península do Sinai, pertence ao Egito e faz fronteira terrestre com Israel. O Sinai é área de grande importância econômica (jazidas de petróleo) para o Egito. Importantes cidades egípcias localizam-se na região do Sinai, como Ismaília, Suez e Port Said, e, para alguns geógrafos, a fronteira israelo-egípcia deveria ser considerada como o limite preciso entre a Ásia e a África.

África: clima, vegetação, relevo e hidrografia

Há uma forte correlação entre os tipos climáticos e a distribuição da cobertura vegetal no continente africano. Na faixa equatorial encontramos a vegetação da floresta equatorial , Na região dos trópicos, o tipo climático é caracterizado por uma variação sazonal de chuvas no verão e seca no inverno, o que explica a existência das savanas. Ao norte e ao sul do continente, ocorrem áreas extremamente secas, com destaque para os Desertos do Saara (ao norte) e do Kalahari (ao sul), A vegetação do tipo estepe faz parte das formações de regiões semiáridas, nas margens dos desertos, conhecida como Sahel. 
Com exceção do Rio Nilo, os grandes rios africanos, como o Congo e o Zambeze, estão em áreas de clima equatorial e tropical. A existência dos rios, dos desertos, da vegetação e a proximidade com o Mar Mediterrâneo são fatores fundamentais para compreender a distribuição da população pelo continente como também das atividades econômicas e da organização social da população. Nas áreas mais elevadas do continente ocorre o clima frio de montanha. O Rio Nilo destaca-se por atravessar áreas desérticas em grande parte de seu curso e tem uma importância regional ao longo da história. Em contraste com o Saara, o Rio Nilo propicia áreas muito férteis à África, fornecendo água e solos agricultáveis em suas margens, além de água para irrigação das áreas adjacentes ao vale do rio. Nas margens desse rio, ocorrem muitas das principais aglomerações humanas como Cairo e Alexandria, no Egito, e Cartum e Ondurman, no Sudão, esse na costa oriental da África. Além das férteis terras do Vale do Nilo

A regionalização da África

Deserto do Saara: esse enorme deserto (o maior do mundo) separa o extremo norte africano do resto do continente. Historicamente, funcionou como uma barreira que, embora transposta por fluxos comerciais intensos, influenciou profundamente a configuração das culturas e civilizações na África.
Nos séculos VII e VIII, povos árabes conquistaram todo o norte africano, antes de invadirem a Península Ibérica (Portugal e Espanha). O domínio árabe no norte da África levou à difusão do islamismo e da língua árabe entre os povos da porção setentrional do continente. Dessa forma, a influência árabe e, posteriormente, a europeia ratificou a regionalização que distinguia uma “África Branca” de uma “África Negra”.
Com o fim da colonização, essa regionalização ratificada pelo imperialismo foi profundamente criticada, tendo em vista o aprofundamento nos estudos acerca da heterogeneidade das culturas africanas. Na atualidade, os organismos internacionais consolidaram a regionalização em África do Norte e África Subsaariana.

África do Norte
Os países do norte do continente são: Marrocos, Líbia, Tunísia, Egito, Argélia e Saara Ocidental (sob o domínio do Marrocos). As populações desses países têm uma unidade cultural dada pela religião islâmica, trazida pelos árabes da Península Arábica a partir do século VII.

Magreb e Grande Magreb

Magreb, em árabe, designa “onde o Sol se põe”, pois, localizada a oeste, encontra-se em oposição ao “machrek”, que significa “o nascente”, porção representada pela Península Arábica. O Magreb (também Magreb Central) corresponde à porção ocidental do norte da África, onde se localizam o Marrocos, a Argélia e a Tunísia, países que foram integrados ao império colonial francês no século XIX — e que, anteriormente, faziam parte do Império Turco-Otomano. O Grande Magreb é uma região que se estende da Mauritânia à Líbia.
 Em relação ao conjunto das exportações dos países que o compõem, as trocas econômicas e comerciais com a Europa são mais intensas que as relações bilaterais que mantêm entre si. Essa observação é importante, pois permite explicar uma das razões que tornam essa imensa região um espaço estratégico do ponto de vista dos europeus e, mais recentemente, dos chineses, em virtude da grande importância do petróleo e de outros minérios aí existentes. Outras características dessa região são: a proximidade geográfica com a Europa; o fato ser a mais rica da África, com vastas reservas de petróleo, gás natural, fosfato, ferro etc.; o fato de ser importante fonte emissora de migrações com destino à União Européia.

O Saara e o Vale do Nilo
A África Setentrional ou do Norte  possui, além do Magreb, outras duas áreas mais ou menos distintas: o Vale do Rio Nilo e o Saara.
 Em relação ao Vale do Rio Nilo, esse rio é muito importante para vários países africanos e não apenas para o Egito. Na Antiguidade foi muito importante, pois foi onde a civilização egípcia floresceu. Por ser o único rio a atravessar o Deserto do Saara no sentido sul-norte, o Nilo poderá ser comparado ao Rio São Francisco, no Brasil. Tanto o Nilo quanto o São Francisco possuem traçado sul-norte; atravessam áreas áridas e semiáridas; são utilizados para transporte, produção de eletricidade, irrigação. O que os difere apenas é o tipo de foz: o Nilo apresenta foz em delta e o São Francisco deságua no Atlântico formando um grande estuário.   Em contraste com o Saara, o Rio Nilo propicia áreas úmidas e férteis, fornecendo água e solos agricultáveis em suas margens, além de irrigação em áreas adjacentes ao Vale do Rio Nilo, possuindo em suas margens muitas aglomerações humanas como, por exemplo, Cairo, Alexandria, no Egito e Cartum e Ondurman, no Sudão. O Rio Nilo nasce na região central da África, no Lago Vitória, e corre na região central e nordeste do continente, atravessando Uganda, Sudão e Egito, desembocando em delta no Mar Mediterrâneo. A represa de Assuã, no Rio Nilo, controla o nível das águas e fornece energia elétrica ao Egito.
 Quanto ao Deserto do Saara – localizado no norte do continente africano, estendendo-se do Oceano Atlântico até o Mar Vermelho –, vários países localizados na porção setentrional africana apresentam baixa densidade demográfica pelo fato dessa região ser árida, dificultando a ocupação humana e as atividades econômicas. O sistema da Cadeia do Atlas influencia na aridez do Deserto do Saara que, em razão de suas elevadas altitudes e orientação transversal, impede a passagem dos ventos que chegam do norte carregados da umidade do mar. A designação de “sistema” relaciona-se com o fato dessa cadeia formada no Terciário compreender três cadeias no Marrocos (Alto Atlas, Médio Atlas e Antiatlas) e duas na Argélia (Atlas Telianos e Atlas Saariano).

África Subsaariana
Os países que formam a região são: Congo, República Centro Africana, Ruanda, Burundi, África Oriental, Quênia, Tanzânia, Uganda, Djbouti, Eritréia, Etiópia, Somália, Sudão, África Ocidental, Benin, Burkina Faso, Camarão, Chade, Cote d’Ivoire, Guiné Equatorial, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Esse conjunto de países abrange o Sahel, extensão de terras localizada na “borda do deserto” e que, historicamente foi habitada por pastores nômades que, na atualidade e por influência do processo de colonização, em parte se sedentarizaram. Aliado ao pastoreio, a partir de investimentos de inúmeros organismos internacionais associados a empreendimentos privados, essa região tem apresentado melhor uso do solo e resultados agrícolas satisfatórios na produção de grãos, especialmente milheto.

África: sociedade em transformação

O IDH é um índice para medir o desenvolvimen­to humano, considerando dados sobre saúde, educação e renda per capita. Sua escala varia de 0 a 1, sendo mais desenvolvido quanto mais próximo de 1 estiver o país. Segundo critérios do PNUD, os países são classificados em quatro categorias: IDH muito elevado (acima de 0,900), IDH elevado (de 0,80 a 0,899), médio (de 0,79 a 0,50) e baixo (abaixo de 0,50). Até 2007, eram 3 categorias: IDH elevado (acima de  0,80), médio (de 0,79 a 0,50) e baixo (abaixo de 0,50).
Países da África, em sua maioria, não se encontram bem colocados no cenário mundial, e os pio­res resultados estão na África Subsaariana. Essa é a região do planeta com os países mais pobres do mundo, com indicadores sociais e econômicos que demonstram uma péssima qualidade de vida. A maioria dos países africanos apresenta um IDH baixo, principalmente os localizados na África Subsaariana: os 12 países com os meno­res IDHs em 2006 pertencem a essa região (Mali, Etiópia, Chade, Guiné Bissau, Burundi, Burkina Faso, Nigéria, Moçambique, Libéria, República Democrática do Congo, República Centro-Africana e Serra Leoa).  Alguns países africanos (apesar da persistência das condições de vida inaceitáveis para o grande conjunto dos países africanos) conseguiram deslocamentos e deixaram a con­dição de IDH baixo para atingir o médio.
As na­ções subsaarianas, em geral, ainda mantêm as piores condições sociais e a mudança desse cenário só será possível se houver um longo e amplo investimento social e maior estabilidade democrática. Esses países são basicamente exportadores de produtos primários, com baixo valor agregado, e a população ainda é, em sua maioria, rural. Os Estados, mui­tos deles ditatoriais e corruptos, não são capazes de assegurar as condições mínimas de serviços de educação, assistência médico-hospitalar e absorção de suas populações no mercado de trabalho nas áreas urbanas. As taxas de mortalidade e, em especial, a de mortalidade infantil são, altíssimas.
De certa forma, a influência dos modelos coloniais também pode ser responsabilizada pela atual situação desses países.

População e urbanização

As principais cidades (que são as mais populosas) e os principais portos, em regra, estão localizados em grandes cidades do continente.
As áreas mais povoadas estão próximas ao litoral, no Vale do Rio Nilo, e no entorno dos grandes lagos, como o Lago Vitória. Além das áreas próximas ao Rio Nilo, também apresentam grande concentração populacional as áreas próximas a outros rios, como Zambeze, Níger e Orange. A proximidade com o Mar Mediterrâneo e com a Europa são os principais fatores que tornam o litoral norte do continente densamente povoado. As áreas que apresentam as menores densidades demográficas são as áreas desérticas (principalmente os Desertos do Saara e de Kalahari), o Sahel, região semiárida no entorno do Saara, e as áreas de florestas densas, como é o caso da floresta equatorial do Congo. Em alguns casos, áreas próximas aos domínios florestais podem apresentar adensamentos populacionais em virtude da localização de algumas capitais, como é o caso de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Além dos fatores físicos, há fatores históricos ligados a um passado anterior à colonização, que contribuíram decisivamente para a atual configuração da distribuição da população no continente.

Economia africana

A Europa, a Ásia e a América do Norte são os principais mercados compradores e fornecedores do continente africano. As relações assimétricas entre África e Europa não se restringem ao passado histórico (tráfico de escravos e colonização), mas também são perpetuadas ainda hoje perante a globalização econômica que reproduz esquemas de dependência.
Se compararmos as trocas comerciais realizadas nos espaços intrarregionais da Europa e da África é nítido o contraste: há maior integração no primeiro continente em virtude da União Europeia (UE) e ou­tros fatores do que no continente africano. Há pouca expressividade no montante de trocas comerciais verificadas no espaço intrarregional da África, mesmo possuindo várias organizações regionais para fins de integração econômica. Algumas causas e fatores dessa pouca expressividade são:
·         o enfraquecimento dos Estados africanos em função das heranças históricas do co­lonialismo e também em virtude de fato­res políticos e econômicos geradores de instabilidade interna, o que impõe dificul­dade para se afirmarem perante a globalização;
·         o fato de a globalização em curso reprodu­zir esquemas de dependência econômica na África, pois, como uma das heranças do passado colonial, grande parte de seus países possui economias pouco di­versificadas, exportadoras de produtos primários, agrícolas, minerais e petrolífe­ros, o que não permite romperem com o modelo financeiro que os subordina aos mercados dos países consumidores. Tal característica faz com que a África conte pouco na economia mundial, ainda que suas trocas comerciais com outras regiões do mundo se desenvolvam, em particular com a China;
·         o continente africano perdeu importância geopolítica depois do fim da Guerra Fria (1947-1989), cujos reflexos se fizeram sen­tir até mesmo na redução do montante da ajuda humanitária sob todas as suas formas, principalmente durante a década de 1990.
As características das exportações da África Subsaariana são:
·         as exportações dessa grande região africana crescem em valor absoluto, mas com ritmo inferior ao mundial.
·         segundo dados da OMC (relatório 2009), a parte dos produtos manufaturados nas exportações da África Subsaariana conti­nua pouco expressiva, na ordem de 25%, constituída por um conjunto parco de pro­dutos e número restrito de países. Entre os produtos manufaturados exportados por essa região encontram-se os pouco transformados (pedras preciosas, ferro, alumínio, prata, platina etc.) e outros ma­nufaturados como vestuário (Ilhas Maurício, Botsuana, por exemplo) ou ainda automóveis (África do Sul). Entre­tanto, o essencial das exportações (mais de 70%) dessa grande região permanece com­posto de matérias-primas - produtos agrí­colas, madeira, minerais (bauxita, ouro, diamantes, urânio etc.) e combustíveis. In­clusive, a exportação de combustíveis, que representa, isoladamente, mais da metade de suas exportações totais, foi a que mais cresceu entre 1985 e 2000 (mais de 75%), o que atesta a importância desse mercado fornecedor diante das disputas energéticas internacionais;
·         embora as Ilhas Maurício e a África do Sul apresentem uma diversificação de suas economias, a maioria dos países africanos per­manece especializada na exportação de dois ou três produtos . Todavia, as cotações das matérias-primas no mercado internacional são muito mais vigorosas desde o início do século XXI, o que contribui para que a África Subsaariana mantenha a tendência de continuar como uma re­serva de matérias-primas, como algodão e milho, e compradora de produtos ma­nufaturados. Isso parece ser corroborado diante do clima de crescimento sustentado de uma parte do mundo e da alta contínua da demanda energética, situação na qual se tornaram "produtos sensíveis" algumas matérias-primas, o que contribui para que a África Subsaariana se torne uma região de concorrências exacerbadas entre as principais economias mundiais, fator adicional para desestabilizar seus países mais frágeis;
·         alguns países africanos subsaarianos, como Nigéria e Angola, nos últimos anos, têm tido um crescimento econômico muito intenso (acima dos 10% ao ano). Os investi­mentos estrangeiros na área de exploração de petróleo e de gás natural vêm transfor­mando parte das economias subsaarianas, como, por exemplo, Angola, que tem cres­cido cerca de 17% ao ano.
Apesar de a África continuar sendo o continente com a menor participação na captação de recursos externos, na atualidade essa situação alterou-se um pouco em função dos interesses chineses no continente. Em 2008 a África tornou-se o 3º. maior captador de investimentos diretos chineses, sendo apenas ultrapassada pela Ásia e pela América do Norte. Tal situação beneficia diretamente a China, que tem sido acusada de ressuscitar uma nova etapa do neocolonialismo na África ao utilizar o continente como base de produção e extração de bens primários para sua atividade industrial, consolidando a divisão internacional do trabalho e da produção.
A presença da população chinesa na África também tem sido significativa. No decorrer das últimas quatro décadas, o governo de Pequim enviou cerca de 20 mil técnicos agrícolas e especialistas de diversas áreas para o continente. Na atualidade, a migração de chineses para a África é sensível. Apesar dos dados não serem precisos, calcula-se que cerca de 500 mil chineses vivem e trabalham no continente. Os chineses têm sido os maiores investidores na África Subsaariana e a presença chinesa no continente data da década de 1960, quando participaram ativamente na venda de armamentos para grupos comunistas insurgentes (rebeldes) em diversos países africanos. Após as mudanças ocorridas na China em 1978, com a abertura das Zonas Econômicas Especiais (ZEE's), e principalmente no século XXI, após o crescimento da economia chinesa, os interesses bilaterais entre as partes pautaram-se na ampliação das vendas de manufaturados e nas compras de matérias-primas (principalmente petróleo e minerais metálicos). Para favorecer a compreensão quanto às mudanças do comércio mundial e ao papel da África no processo de globalização.

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