O CONTINENTE AFRICANO
Localização do continente
A África é
o único continente que possui terras em todos os hemisférios. Ela é
cortada pelo Equador, apresentando terras nos hemisférios Norte e Sul, assim
como pelo Meridiano de Greenwich, possuindo terras nos hemisférios Ocidental e
Oriental.
Devido a
grande extensão territorial do continente no sentido Norte/Sul, a África possui
terras em três zonas Térmicas,
sendo que, a maior parte do continente encontra-se na Zona tropical,
pois está ao sul do Tropico de Câncer e ao norte do Tropico de
Capricórnio. O extremo norte situa-se na
Zona Temperada Norte, e o extremo sul, na Zona Temperada Sul.
O Istmo de Suez é considerado a
fronteira oficial entre a África e a Ásia, o que faz da Península do Sinai
território asiático, que, no entanto pertence a um país do continente africano,
o Egito. O Mar vermelho é a fronteira marítima entre a África e a Ásia.
A Península do Sinai,
pertence ao Egito e faz fronteira terrestre com Israel. O Sinai é área
de grande importância econômica (jazidas de petróleo) para o Egito. Importantes
cidades egípcias localizam-se na região do Sinai, como Ismaília, Suez e Port
Said, e, para alguns geógrafos, a fronteira israelo-egípcia deveria ser considerada
como o limite preciso entre a Ásia e a África.
África: clima, vegetação, relevo e
hidrografia
Há uma forte
correlação entre os tipos climáticos e a distribuição da cobertura vegetal no
continente africano. Na faixa equatorial encontramos a vegetação da floresta
equatorial , Na região dos
trópicos, o tipo climático é caracterizado por uma variação sazonal de chuvas
no verão e seca no inverno, o que explica a existência das savanas. Ao
norte e ao sul do continente, ocorrem áreas extremamente secas, com destaque
para os Desertos do Saara (ao norte) e do Kalahari (ao sul), A vegetação
do tipo estepe faz parte das formações de regiões semiáridas, nas
margens dos desertos, conhecida como Sahel.
Com exceção do Rio
Nilo, os grandes rios africanos, como o Congo e o Zambeze, estão em áreas de
clima equatorial e tropical. A existência dos rios, dos desertos, da
vegetação e a proximidade com o Mar Mediterrâneo são fatores fundamentais para
compreender a distribuição da população pelo continente como também das
atividades econômicas e da organização social da população. Nas áreas mais
elevadas do continente ocorre o clima frio de montanha. O Rio Nilo destaca-se
por atravessar áreas desérticas em grande parte de seu curso e tem uma
importância regional ao longo da história. Em contraste com o Saara, o Rio Nilo
propicia áreas muito férteis à África, fornecendo água e solos agricultáveis em
suas margens, além de água para irrigação das áreas adjacentes ao vale do rio.
Nas margens desse rio, ocorrem muitas das principais aglomerações humanas como
Cairo e Alexandria, no Egito, e Cartum e Ondurman, no Sudão, esse na costa
oriental da África. Além das férteis terras do Vale do Nilo
A regionalização da África
Deserto do Saara: esse enorme deserto (o maior
do mundo) separa o extremo norte africano do resto do continente.
Historicamente, funcionou como uma barreira que, embora transposta por fluxos
comerciais intensos, influenciou profundamente a configuração das culturas e
civilizações na África.
Nos séculos VII e
VIII, povos árabes conquistaram todo o norte africano, antes de invadirem a
Península Ibérica (Portugal e Espanha). O domínio árabe no norte da África
levou à difusão do islamismo e da língua árabe entre os povos da porção
setentrional do continente. Dessa forma, a influência árabe e,
posteriormente, a europeia ratificou a regionalização que distinguia uma “África
Branca” de uma “África Negra”.
Com o fim da
colonização, essa regionalização ratificada pelo imperialismo foi profundamente
criticada, tendo em vista o aprofundamento nos estudos acerca da
heterogeneidade das culturas africanas. Na atualidade, os organismos
internacionais consolidaram a regionalização em África do Norte e África
Subsaariana.
África do Norte
Os países do norte do continente são: Marrocos, Líbia, Tunísia,
Egito, Argélia e Saara Ocidental (sob o domínio do Marrocos). As populações
desses países têm uma unidade cultural dada pela religião islâmica,
trazida pelos árabes da Península Arábica a partir do século VII.
Magreb e
Grande Magreb
Magreb, em árabe, designa “onde o Sol
se põe”, pois, localizada a oeste, encontra-se em oposição ao “machrek”, que significa “o nascente”,
porção representada pela Península Arábica. O Magreb (também Magreb Central)
corresponde à porção ocidental do norte da África, onde se localizam o
Marrocos, a Argélia e a Tunísia, países que foram integrados ao império colonial
francês no século XIX — e que, anteriormente, faziam parte do Império
Turco-Otomano. O Grande Magreb é uma
região que se estende da Mauritânia à Líbia.
Em relação ao conjunto das exportações dos
países que o compõem, as trocas econômicas e comerciais com a Europa são
mais intensas que as relações bilaterais que mantêm entre si. Essa
observação é importante, pois permite explicar uma das razões que tornam essa
imensa região um espaço estratégico do ponto de vista dos europeus e, mais
recentemente, dos chineses, em virtude da grande importância do petróleo e
de outros minérios aí existentes. Outras características dessa região são: a
proximidade geográfica com a Europa; o fato ser a mais rica da África, com
vastas reservas de petróleo, gás natural, fosfato, ferro etc.; o fato de ser
importante fonte emissora de migrações com destino à União Européia.
O Saara e o Vale do Nilo
A África Setentrional ou do Norte possui, além do Magreb, outras duas áreas mais
ou menos distintas: o Vale do Rio Nilo e o Saara.
Em relação ao Vale
do Rio Nilo, esse rio é muito importante para vários países
africanos e não apenas para o Egito. Na Antiguidade foi muito importante,
pois foi onde a civilização egípcia floresceu. Por ser o único rio a
atravessar o Deserto do Saara no sentido sul-norte, o Nilo poderá ser
comparado ao Rio São Francisco, no Brasil. Tanto o Nilo quanto o São Francisco
possuem traçado sul-norte; atravessam áreas áridas e semiáridas; são
utilizados para transporte, produção de eletricidade, irrigação. O que os
difere apenas é o tipo de foz: o Nilo apresenta foz em delta e o São Francisco
deságua no Atlântico formando um grande estuário. Em contraste
com o Saara, o Rio Nilo propicia áreas úmidas e férteis, fornecendo água e
solos agricultáveis em suas margens, além de irrigação em áreas adjacentes ao
Vale do Rio Nilo, possuindo em suas margens muitas aglomerações humanas como,
por exemplo, Cairo, Alexandria, no Egito e Cartum e Ondurman, no Sudão. O Rio
Nilo nasce na região central da África, no Lago Vitória, e corre na região
central e nordeste do continente, atravessando Uganda, Sudão e Egito,
desembocando em delta no Mar Mediterrâneo. A represa de Assuã, no Rio Nilo,
controla o nível das águas e fornece energia elétrica ao Egito.
Quanto ao Deserto do Saara
– localizado no norte do continente africano, estendendo-se do Oceano
Atlântico até o Mar Vermelho –, vários países localizados na porção
setentrional africana apresentam baixa densidade demográfica pelo fato dessa
região ser árida, dificultando a ocupação humana e as atividades econômicas. O
sistema da Cadeia do Atlas influencia na aridez do Deserto do Saara que,
em razão de suas elevadas altitudes e orientação transversal, impede a
passagem dos ventos que chegam do norte carregados da umidade do mar. A
designação de “sistema” relaciona-se com o fato dessa cadeia formada no
Terciário compreender três cadeias no Marrocos (Alto Atlas, Médio Atlas e
Antiatlas) e duas na Argélia (Atlas Telianos e Atlas Saariano).
África Subsaariana
Os países que formam a região são:
Congo, República Centro Africana, Ruanda, Burundi, África Oriental, Quênia,
Tanzânia, Uganda, Djbouti, Eritréia, Etiópia, Somália, Sudão, África Ocidental,
Benin, Burkina Faso, Camarão, Chade, Cote d’Ivoire, Guiné Equatorial, Gabão,
Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia, Mali, Níger, Nigéria,
Senegal, Serra Leoa e Togo. Esse conjunto de países abrange o Sahel,
extensão de terras localizada na “borda do deserto” e que, historicamente foi
habitada por pastores nômades que, na atualidade e por influência do
processo de colonização, em parte se sedentarizaram. Aliado ao pastoreio, a
partir de investimentos de inúmeros organismos internacionais associados a
empreendimentos privados, essa região tem apresentado melhor uso do solo e
resultados agrícolas satisfatórios na produção de grãos, especialmente milheto.
África: sociedade em transformação
O IDH é um índice para medir o desenvolvimento
humano, considerando dados sobre saúde, educação e
renda per capita. Sua escala varia de 0 a 1, sendo mais
desenvolvido quanto mais próximo de 1 estiver o país. Segundo critérios do
PNUD, os países são classificados em quatro categorias: IDH muito elevado
(acima de 0,900), IDH elevado (de 0,80 a 0,899), médio (de 0,79 a 0,50) e baixo
(abaixo de 0,50). Até 2007, eram 3 categorias: IDH elevado (acima de 0,80),
médio (de 0,79 a 0,50) e baixo (abaixo de 0,50).
Países da
África, em sua maioria, não se encontram bem colocados no cenário mundial, e os
piores resultados estão na África Subsaariana. Essa é a
região do planeta com os países mais pobres do mundo, com indicadores sociais e
econômicos que demonstram uma péssima qualidade de vida. A maioria dos países
africanos apresenta um IDH baixo, principalmente os localizados na África
Subsaariana: os 12 países com os menores IDHs em 2006 pertencem a essa
região (Mali, Etiópia, Chade, Guiné
Bissau, Burundi, Burkina Faso, Nigéria, Moçambique, Libéria, República
Democrática do Congo, República Centro-Africana e Serra Leoa). Alguns países africanos (apesar da
persistência das condições de vida inaceitáveis para o grande conjunto dos
países africanos) conseguiram deslocamentos e deixaram a condição de IDH
baixo para atingir o médio.
As nações
subsaarianas, em geral, ainda mantêm as piores condições sociais e a mudança
desse cenário só será possível se houver um longo e amplo investimento social e
maior estabilidade democrática. Esses países são basicamente exportadores de
produtos primários, com baixo valor agregado, e a população ainda é, em sua
maioria, rural. Os Estados, muitos deles ditatoriais e corruptos, não
são capazes de assegurar as condições mínimas de serviços de educação,
assistência médico-hospitalar e absorção de suas populações no mercado de
trabalho nas áreas urbanas. As taxas de mortalidade e, em especial, a de
mortalidade infantil são, altíssimas.
De certa forma, a influência
dos modelos coloniais também pode ser responsabilizada pela atual situação
desses países.
População e urbanização
As
principais cidades (que são as mais populosas) e os principais portos, em
regra, estão localizados em grandes cidades do continente.
As áreas
mais povoadas estão próximas ao litoral, no Vale do Rio Nilo, e no entorno dos
grandes lagos, como o Lago Vitória. Além das áreas
próximas ao Rio Nilo, também apresentam grande concentração populacional as
áreas próximas a outros rios, como Zambeze, Níger e Orange. A proximidade
com o Mar Mediterrâneo e com a Europa são os principais fatores que tornam o
litoral norte do continente densamente povoado. As áreas que apresentam as
menores densidades demográficas são as áreas desérticas (principalmente os
Desertos do Saara e de Kalahari), o Sahel, região semiárida no entorno do
Saara, e as áreas de florestas densas, como é o caso da floresta equatorial do
Congo. Em alguns casos, áreas próximas aos domínios florestais podem
apresentar adensamentos populacionais em virtude da localização de algumas
capitais, como é o caso de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo.
Além dos fatores físicos, há fatores históricos ligados a um passado anterior à
colonização, que contribuíram decisivamente para a atual configuração da
distribuição da população no continente.
Economia africana
A Europa, a
Ásia e a América do Norte são os principais mercados compradores e fornecedores
do continente africano. As relações
assimétricas entre África e Europa não se restringem ao passado histórico
(tráfico de escravos e colonização), mas também são perpetuadas ainda hoje
perante a globalização econômica que reproduz esquemas de dependência.
Se compararmos as
trocas comerciais realizadas nos espaços intrarregionais da Europa e da África
é nítido o contraste: há maior integração no primeiro continente em virtude da
União Europeia (UE) e outros fatores do que no continente africano. Há pouca
expressividade no montante de trocas comerciais verificadas no espaço
intrarregional da África, mesmo possuindo várias organizações regionais para
fins de integração econômica. Algumas causas e fatores dessa pouca
expressividade são:
·
o enfraquecimento
dos Estados africanos em função das heranças históricas do colonialismo e
também em virtude de fatores políticos e econômicos geradores de instabilidade
interna, o que impõe dificuldade para se afirmarem perante a globalização;
·
o fato de a
globalização em curso reproduzir esquemas de dependência econômica na África,
pois, como uma das heranças do passado colonial, grande parte de seus países
possui economias pouco diversificadas, exportadoras de produtos primários,
agrícolas, minerais e petrolíferos, o que não permite romperem com o modelo
financeiro que os subordina aos mercados dos países consumidores. Tal
característica faz com que a África conte pouco na economia mundial, ainda que
suas trocas comerciais com outras regiões do mundo se desenvolvam, em
particular com a China;
·
o continente
africano perdeu importância geopolítica depois do fim da Guerra Fria
(1947-1989), cujos reflexos se fizeram sentir até mesmo na redução do montante
da ajuda humanitária sob todas as suas formas, principalmente durante a década
de 1990.
As características
das exportações da África Subsaariana são:
·
as exportações
dessa grande região africana crescem em valor absoluto, mas com ritmo inferior
ao mundial.
·
segundo dados da
OMC (relatório 2009), a parte dos produtos manufaturados nas exportações da África
Subsaariana continua pouco expressiva, na ordem de 25%, constituída por um
conjunto parco de produtos e número restrito de países. Entre os produtos
manufaturados exportados por essa região encontram-se os pouco transformados
(pedras preciosas, ferro, alumínio, prata, platina etc.) e outros manufaturados
como vestuário (Ilhas Maurício, Botsuana, por exemplo) ou ainda automóveis
(África do Sul). Entretanto, o essencial das exportações (mais de 70%) dessa
grande região permanece composto de matérias-primas - produtos agrícolas,
madeira, minerais (bauxita, ouro, diamantes, urânio etc.) e combustíveis. Inclusive,
a exportação de combustíveis, que representa, isoladamente, mais da metade de
suas exportações totais, foi a que mais cresceu entre 1985 e 2000 (mais de
75%), o que atesta a importância desse mercado fornecedor diante das disputas
energéticas internacionais;
·
embora as Ilhas
Maurício e a África do Sul apresentem uma diversificação de suas economias, a
maioria dos países africanos permanece especializada na exportação de dois ou três
produtos . Todavia, as cotações das matérias-primas no mercado
internacional são muito mais vigorosas desde o início do século XXI, o que
contribui para que a África Subsaariana mantenha a tendência de continuar como
uma reserva de matérias-primas, como algodão e milho, e compradora de
produtos manufaturados. Isso parece ser corroborado diante do clima de
crescimento sustentado de uma parte do mundo e da alta contínua da demanda
energética, situação na qual se tornaram "produtos sensíveis" algumas
matérias-primas, o que contribui para que a África Subsaariana se torne uma
região de concorrências exacerbadas entre as principais economias mundiais,
fator adicional para desestabilizar seus países mais frágeis;
·
alguns países
africanos subsaarianos, como Nigéria e
Angola, nos últimos anos, têm tido um crescimento econômico muito intenso
(acima dos 10% ao ano). Os investimentos estrangeiros na área de exploração de
petróleo e de gás natural vêm transformando parte das economias subsaarianas,
como, por exemplo, Angola, que tem crescido cerca de 17% ao ano.
Apesar de a África
continuar sendo o continente com a menor participação na captação de recursos
externos, na atualidade essa situação alterou-se um pouco em função dos
interesses chineses no continente. Em 2008 a África tornou-se o 3º. maior
captador de investimentos diretos chineses, sendo apenas ultrapassada pela Ásia
e pela América do Norte. Tal situação beneficia diretamente a China, que tem
sido acusada de ressuscitar uma nova etapa do neocolonialismo na África ao
utilizar o continente como base de produção e extração de bens primários para
sua atividade industrial, consolidando a divisão internacional do trabalho e da
produção.
A presença da população chinesa na África também tem
sido significativa. No decorrer das últimas quatro décadas, o governo de Pequim
enviou cerca de 20 mil técnicos agrícolas e especialistas de diversas áreas
para o continente. Na atualidade, a migração de chineses para a África é
sensível. Apesar dos dados não serem precisos, calcula-se que cerca de 500 mil
chineses vivem e trabalham no continente. Os chineses têm sido os maiores
investidores na África Subsaariana e a presença chinesa no continente data da
década de 1960, quando participaram ativamente na venda de armamentos para
grupos comunistas insurgentes (rebeldes) em diversos países africanos. Após
as mudanças ocorridas na China em 1978, com a abertura das Zonas Econômicas
Especiais (ZEE's), e
principalmente no século XXI, após o crescimento da economia chinesa, os
interesses bilaterais entre as partes pautaram-se na ampliação das vendas de
manufaturados e nas compras de matérias-primas (principalmente petróleo e
minerais metálicos). Para favorecer a compreensão quanto às mudanças
do comércio mundial e ao papel da África no processo de globalização.
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