2º ANO - 1º BIMESTRE

Gênese Geoeconômica do Território Brasileiro

Tratado De Tordesilhas - 1494
 Logo após a chegada de Cristóvão Colombo à América (1492), a corte espanhola começou a se preocupar em proteger legalmente as terras descobertas na América. O rei espanhol procurou o papa Alexandre VI, que através da Bula Inter Coetera estabeleceu a posse de todas as terras descobertas a 100 léguas a oeste de Cabo Verde à Espanha. Através deste documento, Portugal ficaria sem a possibilidade de ter a posse de territórios na recém-descoberta América. O limite estabelecido também dificultaria as navegações portuguesas no Oceano Atlântico. Como Portugal, assim como a Espanha, era uma potência militar e econômica da época, para evitar conflitos, espanhóis e portugueses resolveram abrir negociações para o estabelecimento de um novo tratado. Este deveria contemplar os interesses de ambos os reinos no tocante a descoberta, exploração e colonização das “novas terras”.O Tratado de Tordesilhas foi um acordo firmado em 4 de junho de 1494 entre Portugal e Espanha. Ganhou este nome, pois foi assinado na cidade espanhola de Tordesilhas. O acordo tinha como objetivo resolver os conflitos territoriais relacionados às terras descobertas no final do século XV. O que estabelecia o Tratado de Tordesilhas De acordo com o Tratado de Tordesilhas, uma linha imaginária a 370 léguas de Cabo Verde serviria de referência para a divisão das terras entre Portugal e Espanha. As terras a oeste desta linha ficaram para a Espanha, enquanto as terras a leste eram de Portugal.



Após a chegada de Cristóvão Colombo à América (1492), a corte espanhola começou a se preocupar em proteger legalmente as terras descobertas na América. O rei espanhol procurou o papa Alexandre VI, que através da Bula Inter Coetera estabeleceu a posse de todas as terras descobertas a 100 léguas a oeste de Cabo Verde à Espanha. Através deste documento, Portugal ficaria sem a possibilidade de ter a posse de territórios na recém-descoberta América. O limite estabelecido também dificultaria as navegações portuguesas no Oceano Atlântico.


 Como Portugal, assim como a Espanha, era uma potência militar e econômica da época, para evitar conflitos, espanhóis e portugueses resolveram abrir negociações para o estabelecimento de um novo tratado. Este deveria contemplar os interesses de ambos os reinos no tocante a descoberta, exploração e colonização das “novas terras”.

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo firmado em 4 de junho de 1494 entre Portugal e Espanha. Ganhou este nome, pois foi assinado na cidade espanhola de Tordesilhas. O acordo tinha como objetivo resolver os conflitos territoriais relacionados às terras descobertas no final do século XV.
 De acordo com o Tratado de Tordesilhas, uma linha imaginária a 370 léguas de Cabo Verde serviria de referência para a divisão das terras entre Portugal e Espanha. As terras a oeste desta linha ficaram para a Espanha, enquanto as terras a leste eram de Portugal.

Tratado de Madri
 O Tratado de Tordesilhas deixou de vigorar apenas em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, onde as coroas portuguesa e espanhola estabeleceram novos limites de divisão territorial para suas colônias na América do Sul. Este acordo visava colocar fim as disputas entre os dois países, já que o Tratado de Tordesilhas não havia sido respeitado por ambas as partes.

Os colonizadores portugueses chegaram no século XV, os indígenas do Brasil totalizavam cerca de 2,5 milhões de pessoas, que praticamente viviam de maneira inalterada desde a Idade da Pedra. Da colonização portuguesa do Brasil (1500-1822) até o final dos anos 1930, os elementos de mercado da economia brasileira basearam-se na produção de produtos primários para exportação. Dentro do Império Português, o Brasil era uma colônia submetida a uma política imperial mercantil, que tinha três principais grandes ciclos de produção econômica - o açúcar, o ouro e, a partir do início do século XIX, o café. A economia do Brasil foi fortemente dependente do trabalho escravizado Africano até o final do século XIX (cerca de três milhões de escravos africanos importados no total). Desde então, o Brasil viveu um período de crescimento econômico e demográfico forte, acompanhado de imigração em massa da Europa (principalmente Portugal, Itália, Espanha e Alemanha) até os anos 1930. Na América, os Estados Unidos, o Brasil, o Canadá e a Argentina (em ordem decrescente) foram os países que receberam a maioria dos imigrantes. No caso do Brasil, as estatísticas mostram que 4,5 milhões de pessoas emigraram para o país entre 1882 e 1934.

“ciclo econômico”
Cana-de-açúcar
Mineração
Café
Período
Séculos XVI e XVII
Século XVIII
Segunda metade do
século XIX até o início
do século XX
Principais
áreas de
ocorrência
Litoral do Nordeste, nos
atuais estados de
Pernambuco, Paraiba,
sergipe e Bahia, além de
pequenas áreas no litoral
do estado do Rio de
Janeiro e São Paulo.
Minas Gerais, Mato
Grosso e Goiás
Rio de Janeiro, São
Paulo, Sul de Minas
Gerais e Espírito Santo,
posteriormente se
expandiu para o Norte
do Paraná e Mato
Grosso.
Destino da
produção
Mercado europeu,
comercializado via
Portugal devido ao pacto
colonial.
Portugal, mas como
consequência de acordos
comerciais, o ouro
brasileiro teve, em grande
parte, como destino final,
a Inglaterra
Europa e Estados
Unidos.

Colonização de exploração. A organização da produção, da economia ou do sistema produtivo foi realizada com base no abastecimento do mercado externo. A introdução da grande propriedade agrícola – o latifúndio ou plantation – e da monocultura ocorreram com o objetivo de abastecer o mercado europeu de produtos tropicais e de matérias-primas.
Espaços extrovertidos referem-se aos espaços geográficos produzidos e organizados para atender o mercado externo. No período colonial brasileiro, os exemplos mais importantes são o espaço da agroindústria da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII), o
espaço da mineração (século XVIII) e o espaço do café (séculos XIX e XX), entre outros.
Arquipélago econômico indica a falta de integração entre as economias regionais que se constituíram como espaços relativamente autônomos de produção e consumo, guardando relações mais estreitas com os mercados externos do que entre si. Aplica-se à economia e à configuração geoeconômica do território
brasileiro no início do século XX, marcadas pela fragmentação em “ilhas” regionais, resultantes em grande parte da economia colonial.

Atualmente, com uma população de 200 milhões e recursos naturais abundantes, o Brasil é 7ª economia do mundo – PIB US$ 2.190 trilhões -, produzindo dezenas de milhões de toneladas de aço, 26 milhões de toneladas de cimento, 3,5 milhões de aparelhos de televisão e 3 milhões de geladeiras. Além disso, cerca de 70 milhões de metros cúbicos de petróleo estão sendo processados anualmente em combustíveis, lubrificantes, gás propano e uma ampla gama de mais de cem produtos petroquímicos. Além disso, o Brasil tem pelo menos 161.500 quilômetros de estradas pavimentadas e mais de 63 megawatts de capacidade instalada de energia elétrica.
Seu PIB real per capita ultrapassou US$ 11.800 em 2013, devido à forte valorização do real na ultima década.. Suas contas do setor industrial respondem por três quintos da produção industrial da economia latino-americana. O desenvolvimento científico e tecnológico do país é um atrativo para o investimento direto estrangeiro, que teve uma média de US$ 60 bilhões por ano nos últimos anos, em comparação com apenas US$ 2 bilhões/ano na década de 1990 , evidenciando um crescimento notável. O setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas décadas esse setor tem mantido Brasil entre os países com maior produtividade em áreas relacionadas ao setor rural. O setor agrícola e o setor de mineração também apoiaram superávits comerciais que permitiram ganhos cambiais maciços e pagamentos da dívida externa.

Gênese das Fronteiras Brasileiras

Território é um espaço submetido a um poder político. Nesse território existem propriedades privadas, onde o proprietário pode utilizá-la para fazer empreendimentos econômicos ou comercializá-la. Porém, não cabe a ele o domínio político do seu patrimônio, isso é exercido pelo Estado, através de leis. O patrimônio privado e a soberania pública constituem a base do território nacional.
As fronteiras são extremamente importantes na constituição do território. São elas que delimitam a atuação da soberania estatal. Para se criar uma fronteira, é preciso estabelecer três etapas:
Definição, que é uma operação conceitual aonde se chegará a um acordo sobre os princípios gerais que levarão à formação da fronteira; delimitação, um processo cartográfico, no qual serão marcados no mapa os limites fronteiriços; demarcação, uma operação física, onde é colocado marcos nas fronteiras.
A maior parte das fronteiras brasileiras foram criadas no período Imperial e na “era Rio Branco”. A minoria emergiu do período colonial. A “era Rio Branco” constitui um período marcado pela figura do Barão do Rio Branco, responsável pela política externa durante o início do período republicano brasileiro. A sua obra de fronteiras definiu grande parte das delimitações do território brasileiro. Defendeu o Brasil nos Arbitramentos internacionais, que era um modo de resolver os conflitos fronteiriços, por meio da escolha de um Terceiro Estado, neutro, que resolvia o problema. O seu principal feito foi a “questão do Acre”. Na época o Acre pertencia a Bolívia. Mas com a “corrida da borracha” inúmeros seringueiros brasileiros foram para o local. Chegaram até mesmo a conseguir uma efêmera independência. Para contra-atacar, a Bolívia assinou um acordo com um cartel de empresas norte-americanas, dando a elas o direito de exploração do Acre. Os seringueiros se revoltaram. O exército boliviano foi posto de prontidão. É nesse período que entra a figura do barão do Rio Branco, onde por meio de negociações diplomáticas, conseguiu tomar o Acre para o Brasil, através do tratado de Petrópolis. Em troca, o Brasil pagaria certa quantia e construiria a ferrovia madeira-mamoré, que escoaria a exportação boliviana para as partes navegáveis dos rios amazônicos.
Durante a formação das fronteiras brasileiras, o Brasil se apoiou no mito das “fronteiras naturais”, segundo o qual os limites do território já estariam preestabelecidos devido aos cursos dos rios e outros fatores naturais que constituem as fronteiras. Embora apresente certa semelhança, os limites fronteiriços brasileiros não estão ligados ao “natural”, mas sim a processos históricos e políticos.
O Brasil é “cortado” por quatro fuso horários. No entanto, o sistema de horas legais vigente no país é bastante prático, pois modifica de certa forma, a posição do fusos, de modo que um mesmo estado não tenha horários diferentes ao longo do seu território.
Atualmente, o Brasil é um Estado Federal, ou seja, as unidades federais (estados) possuem autonomia, expressa pela constituição própria, embora esteja submetido à constituição nacional, o direito de eleger o seu próprio governante e fazer assembleias. O poder legislativo brasileiro possui um sistema bicameral, onde se tem a câmara baixa, que é a Câmara Federal, composta por deputados que representam o povo e a câmara alta, corresponde ao Senado Federal, composto por senadores, que representam os estados.
Ao longo de sua história, os estados que compõem o território brasileiro sofreram desmembramento, isto é, uma parte de um grande estado se emancipou e passou a constituir uma outra unidade federal. Isso acontece devido a valorização econômica, o crescimento demográfico vivido pela parte do estado que busca a sua emancipação. Além disso, um território muito grande se torna difícil de ser governado. Com a separação, o novo estado ganha autonomia e um sistema de administração que facilitam o planejamento do desenvolvimento econômico. E a elite regional ganha mais poder ainda. É bom ressaltar que um grande território não é sinônimo de grande população, principalmente no que diz respeito aos estados. O que atrai a massa populacional é oportunidade de emprego, boas redes de hospitais, educação, infraestrutura e desenvolvimento econômico. Um exemplo está na comparação entre o Amazonas e São Paulo. A população paulista é muito maior que a amazonense.
Durante o período da Ditadura, Getúlio Vargas, criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a finalidade de reunir informações, através de pesquisas, sobre o território brasileiro, para melhor planejar o desenvolvimento econômico e social das regiões pouco populosas do Brasil. Foi a partir de então que criou-se as macrorregiões geográficas, que dividem o país em sudeste, nordeste, norte, sul e centro-oeste. Os agrupamentos foram feitos mediante características semelhantes, como a economia, a população e os fatores naturais. Como era muito generalizado, não serviu para a verdadeira finalidade da divisão: a obtenção de dados para o planejamento. Portanto, fez-se uma nova divisão, as mesorregiões geográficas, onde se punha, em um mesmo grupo, regiões com estruturas de produção e características naturais semelhantes. Também era muito generalizada e, por isso, criou-se as microrregiões geográficas, que são os municípios. O agrupamento se dá pelo grau de influência dos centros urbanos e o modo de utilização do solo dominante.
Compete à Divisão de Fronteiras:
- Estudar as questões referentes aos limites do Brasil (inclusive opinar quanto à interpretação dos atos internacionais assinados pelo país) e à caracterização ou demarcação das fronteiras.
- Zelar pela observância dos atos internacionais relativos a limites assinados pelo Brasil e, quando for o caso, cuidar das providências necessárias ao seu cumprimento.
- Supervisionar os trabalhos afetos às duas Comissões Brasileiras Demarcadoras de Limites.
- Opinar sobre consulta a documentos relativos a limites guardados no Arquivo Histórico, no Arquivo Consolidado ou na Mapoteca Histórica.
- Colher informações sobre as áreas de fronteira, em cooperação com as Divisões da América Meridional.
Definições:
- Fronteira - termo genérico, relativo a uma região ou faixa de território abrangente.
- Limite - termo exato cuja concepção linear define precisamente o terreno.
- Delimitação - fixação dos limites por meio de tratados internacionais.
- Demarcação - implantação física dos limites, construção de marcos em pontos determinados.
- Densificação e caracterização: aperfeiçoamento sistemático da materialização da linha limite mediante intercalação de novos marcos, com o objetivo de torná-los mais intervisíveis.
Histórico
As atividades de fixação das fronteiras brasileiras tiveram início no século XIX e, nos primeiros anos deste século, os problemas de limites ainda pendentes foram solucionados pelo Barão do Rio Branco. Logo após foi iniciada a fase de caracterização, tarefa que, em algumas fronteiras, já está praticamente concluída, passando-se à etapa seguinte, que é a manutenção e inspeção sistemáticas dos marcos já construído.
Atividades das Comissões Mistas.
A demarcação e caracterização da zona fronteiriça são executadas por comissões bilaterais demarcadoras de limites, denominadas Comissões Mistas de Limites. O Brasil mantém Comissão Mista com todos os países limítrofes. Entre as atividades das Comissões está a realização de conferência anual, na qual são avaliados as atividades do exercício anterior e planejadas as do exercício seguinte. Também são realizadas reuniões técnicas e reuniões preparatórias de campanha, em função da necessidade de maior nível de detalhamento técnico e cronológico dos trabalhos a serem executados.
Fronteiras atuais das terras brasileiras
O Brasil limita-se ao norte com a Guiana Francesa, o Suriname, a Guiana e a Venezuela; a noroeste, com a Colômbia; a oeste, com o Peru e a Bolívia; a sudoeste, com o Paraguai e a Argentina; ao sul, com o Uruguai e a leste com o Oceano Atlântico.
Os pontos extremos do território brasileiro são:
• Ao norte, a nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí, Estado de Roraima (5º 16' de latitude norte), na fronteira com a Guiana;
• Ao sul, o Arroio Chuí no Rio Grande do Sul (33º 45' de latitude sul), fronteira com o Uruguai;
• O extremo leste da parte continental do Brasil é a Ponta do Seixas, em João Pessoa, na Paraíba (34º 47' de longitude oeste); porém, as ilhas oceânicas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, arquipélago de São Pedro e São Paulo, Trindade e Martim Vaz ficam ainda mais a leste, sendo o extremo leste absoluto do território brasileiro uma ponta sem nome na Ilha do Sul do arquipélago de Martim Vaz, a cerca de 28° 50' de longitude oeste;
• A oeste, a serra da Contamana ou do Divisor, no Acre (73º 59' de longitude oeste), na fronteira com o Peru.
Países que fazem fronteiras com o Brasil:
Fronteira é um limite (linha) que divide dois países, estados ou cidades. O Brasil possui uma extensa fronteira. No total são 15.179 km de fronteiras com diversos países da América do Sul. O Brasil não possui fronteira com o Chile e com o Equador.
As Fronteiras Brasileiras
- Guiana Francesa: 655 km de fronteira, situada totalmente no estado do Amapá.  
- Suriname: 593 km de fronteira, sendo no estado do Amapá (52 km) e no Pará (541 km). 
- Guiana: 1.606 km de fronteira, sendo no estado do Pará (642 km) e Roraima (964 km). 
- Venezuela: 1.492 km de fronteira, sendo em Roraima (954 km) e Amazonas (538 km). 
- Colômbia: 644 km de fronteira, situada totalmente no território do estado do Amazonas. 
- Peru: 2.995 km de fronteira, sendo no Amazonas (1.565 km) e Acre (1.430 km). 
- Bolívia: 3.126 km de fronteira, sendo no Acre (618 km), Rondônia (1.342 km), Mato Grosso (780 km) e Mato Grosso do Sul (386 km)
- Paraguai: 1.339 km de fronteira, sendo no Mato Grosso do Sul (1.131 km) e Paraná (208 km). 
- Argentina: 1.263 km de fronteira, sendo no Paraná (293 km), Santa Catarina (246 km)e Rio Grande do Sul (724 km). - Uruguai: 1.003 km de fronteira, totalmente com o Rio Grande do Sul.

Território Brasileiro: Do “Arquipélago” ao “Continente”
Assim, para falar dos meios geográficos, que são: meio natural meio técnico e meio técnico-científico-informacional, utilizarei os conhecimentos disponibilizados por Santos (1992). Na sequencia, irei tratar sobre os setores da economia, que podem ser entendidos como primário, secundário, terciário e quaternário. Por fim, nas notas conclusivas, revisarei brevemente meus escritos e relacionarei os setores da economia e suas respectivas atividades econômicas, aos meios geográficos.
ATIVIDADES ECONÔMICAS E MEIOS GEOGRÁFICOS.
É por meio das atividades econômicas1 que os seres humanos podem obter as coisas que precisam para suas vidas. Elas constituem a essencial fonte de emprego e renda para a população. É por meio delas, também, que o espaço é criado e transformado em função do processo produtivo geral da sociedade. Tanto a criação, quanto à transformação do espaço, depende dos recursos e das técnicas que os homens utilizam. As técnicas, assim como a sociedades, passaram e passam por um processo evolutivo. E por intermédio dessa evolução no tempo e no espaço, a sociedade foi construindo uma história dos diferentes usos que faz do espaço, pois, nas palavras de Santos & Silveira (2001) a construção dessa história: São as lógicas e os tempos humanos impondo-se à natureza, situações em que as possibilidades técnicas presentes denotam os conflitos resultantes da emergência de sucessivos meios geográficos, todos incompletamente realizados, todos incompletamente difundidos. Para os autores citados acima, a periodização da evolução da técnica divide-se em três períodos distintos, o meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional.
MEIO NATURAL
O meio natural é marcado pelos tempos lentos da natureza, e pela adaptação humana aos sistemas naturais. Esse período se caracterizou pela escassez de instrumentos artificiais necessários ao domínio desse mundo natural, e pode ser chamado também de pré-técnico.
MEIO TÉCNICO
Pode-se chamar de meio técnico, o período a partir do qual a produção se tornou social. Esse período é marcado pelas inovações técnicas e o consequente aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho. Nesse sentido, a aceleração e a difusão das inovações técnicas, bem como a concepção de domínio da natureza pelo homem, tiveram o surgimento do Capitalismo4 como marco fundamental, nos séculos XV e XVI. Assim sendo, a cada período são implementadas novas transformações nas técnicas e, por consequência, no espaço também.
MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL
O terceiro período começa praticamente depois da Segunda Guerra Mundial, onde os grandes instrumentos políticos e os grandes provedores das ideias que iriam guiar a reconstrução ou a remodelação dos espaços nacionais, juntamente com a da economia, da sociedade e da política, foram às ideologias do consumo, do crescimento econômico e do planejamento. Desse modo, o fim da referida guerra marca, também, o início de um novo rearranjo do capitalismo, abrindo-se perspectivas para a revolução científico-técnica. Portanto, esse novo período que é também uma nova fase do capitalismo, se diferencia dos anteriores devido à profunda interação da ciência e da técnica. A ciência, particularmente a pesquisa, é colocada cada vez mais a serviço da descoberta de novas técnicas, quase exclusivamente voltadas para a produção. A ciência direciona-se, de modo geral, para o setor produtivo. Nunca a ciência e a técnica estiveram tão interligadas como nesse período. Esse período também se diferencia pela expansão e predominância do trabalho mental e de um movimento do capital à escala mundial, que atribui à circulação (movimento das coisas, valores, ideias) um papel principal. Assim, a produção diversifica-se extraordinariamente, objetivando a acumulação de riqueza e fomentada por uma verdadeira corrida tecnológica. O prazo para que os bens produzidos, inclusive os instrumentos de trabalho, se tornem obsoletos, impondo sua substituição por outros mais "modernos", passa a ser mais curto, ocasionando um consumo maior de recursos naturais.
Nesse contexto, as técnicas alimentadas pelas ciências, evoluíram de tal forma que provocaram um considerável avanço na tecnologia da informação e da comunicação, microeletrônica, computadorização, produtos intensivamente baseados em conhecimentos e padrões de consumo que são muito mais diferenciados e individualizados. Essa evolução tecnológica que privilegia a informação e a comunicação alterou profundamente as noções de tempo e de distância, pois, segundo as palavras de Moreira (2002): ... A quase instantaneidade nas transmissões de palavras, sons e imagens – por cabo, fibra óptica ou satélite – torna o mundo muito menor, com uma aparente proximidade entre as pessoas. Isso é facilitado pela generalização do uso do computador, o qual, conectado a uma rede, permite aos seus milhões de usuários comunicarem-se diretamente entre si a qualquer hora do dia ou da noite.
Além disso, esse período também é marcado pela mundialização da produção, da circulação e do consumo, ou seja, de todo o ciclo de reprodução do capital, pois, com a derrocada do Socialismo, ocorreu à internacionalização do capitalismo, que passa a atingir praticamente todo o planeta e recebe uma denominação especial: Globalização. Assim sendo, os avanços tecnológicos, particularmente nos transportes e nas comunicações, possibilitaram as grandes corporações, decompor o processo produtivo e dispersar suas etapas em escala mundial. Tanto a produção quanto o consumo deixam de ser local para se tornarem mundiais.
Desse modo, esse novo período conhecido como meio técnico-científico-informacional, que é uma nova fase do modelo produtivo, se diferencia dos outros pela profunda interação da ciência e da técnica, sendo que, a ideia de ciência, de tecnologia e de mercado global, deve ser encarada conjuntamente.
Nesse sentido, podemos entender que os sucessivos meios geográficos citados até aqui, foram produzidos pela relação do homem com a natureza. Portanto, na sua relação com a natureza, o homem, através do trabalho, cria e transforma o espaço tentando obter as condições necessárias à sobrevivência da espécie humana. Nessas condições, o espaço geográfico enquanto produto do processo de trabalho da sociedade deve ser concebido como um produto histórico e social das relações que se estabelecem entre a sociedade e o meio circundante.
SETORES DA ECONOMIA
As atividades econômicas diversificaram-se à medida que o conhecimento humano e a tecnologia foram se aprimorando, tornando-se necessário dividi-las em três setores da economia. O setor primário, que engloba as atividades ligadas ao campo, como a agricultura, a pecuária e o extrativismo. O setor secundário, no qual as atividades industriais estão inclusas, e, o setor terciário, o qual inclui as atividades ligadas ao comércio e a prestação de serviços. Porém, a partir da década de 1950 emerge outro setor, o quaternário, ligado à informação e a comunicação. No entanto, esses sucessivos setores da economia foram predominantes por um determinado tempo, perdendo parte de sua importância a partir das inovações da ciência e da técnica. O setor primário já foi predominante, empregando a maior parte da mão de obra ocupada, respondendo pela produção da maior parte da riqueza, porém, a evolução da ciência e da técnica faz emergir um novo modo de produzir baseado na produção em série e em massa, através do uso de máquinas e ferramentas. É a emergência do secundário, que ganha importância predominando por algum tempo como modelo hegemônico, trazendo no seu bojo, a especialização de trabalhadores, a descoberta de novos modos de produzir energia, etc. Assim, tal modelo, por atuar também como poupador de mão de obra, é suprimido por um novo paradigma baseado no comércio e no setor de serviços, o terciário. Agora as atividades de maior relevância fazem crescer enormemente o número de produtos, mercadorias e pessoas circulando. Quando o terciário se torna insatisfatório devido ao avanço da técnica alimentada pela ciência, acontecem mudanças profundas fazendo emergir um novo paradigma tecno-econômico baseado em informação, isto é, na geração de serviços e na produção e transmissão da informação.
OS SETORES DA ECONOMIA E AS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS.
Setores da economia Principais atividades econômicas
Primária Agricultura, pecuária e extrativismo (atividades ligadas principalmente ao meio rural).
Secundário Inclui as atividades industriais
Terciário Inclui as atividades ligadas ao comércio e a prestação de serviços
Quaternário Atividades ligadas à informação e a comunicação
ATIVIDADES LIGADAS AO SETOR PRIMÁRIO
As atividades econômicas mais antigas são as extrativas: a caça, a pesca e a coleta de frutos nas matas. Tais atividades poucas transformações causaram no espaço geográfico, pois, o extrativismo animal (a caça e a pesca) e o extrativismo vegetal (a coleta de frutos nas matas) eram praticados em pequena escala, somente para a sobrevivência da espécie humana.
ATIVIDADES LIGADAS AO SETOR SECUNDÁRIO
As modificações no espaço provocadas pelas formações sociais na prática do extrativismo, da agricultura e da pecuária no período pré-capitalista, foram pequenas se comparadas às do período a partir da Revolução Industrial8. A Sociedade Moderna ou Industrial foi a que mais modificação causou na natureza até hoje. A sociedade moderna, também chamada sociedade industrial, modificou a natureza num grau nunca visto anteriormente.
Desse modo, a transformação social do espaço circundante é decorrente da ampliação dos conhecimentos científicos e da disponibilidade de instrumentos de trabalho cada vez mais poderosos e eficientes.
Nessas condições, o setor da economia no qual estão inclusas as atividades industriais, é aquele que trouxe no seu bojo elementos como máquinas e ferramentas, trabalhadores especializados, produção em série e energia, entre outros. Perdurou como sinônimo de desenvolvimento do século XVIII até o século XX. Nesse período, esse setor econômico fez emergir um novo modo de produzir e uma nova sociedade, a chamada sociedade moderna ou industrial, pois, produzir através da indústria se tornou moderno e bastante difundido em quase todo o mundo.
ATIVIDADES LIGADAS AO SETOR TERCIÁRIO
O setor terciário da economia é o setor que, nos países industrializados, tende a empregar a maior parte da mão de obra e corresponde ao comércio e aos serviços, como transporte, educação, saúde, comunicação e sistema financeiro. Assim sendo, devido ao desenvolvimento de novas tecnologias e a informatização, o setor terciário é o que tem apresentado um crescimento mais acentuado nos últimos anos. O setor secundário, geralmente, tem adotado tecnologias poupadoras de mão de obra, fazendo com que boa parte desses trabalhadores migre para o terciário, no entanto, essa força de trabalho que migra, agora necessita exercer um trabalho mais criativo em vez de executar tarefas mecânicas. Dessa forma, o referido setor assume importância decisiva, particularmente com os serviços de pesquisa, com a produção de tecnologia, com a propaganda e o marketing, além do comércio. É a chamada terceirização da economia, em que o setor terciário passa a comandar os demais setores, a utilizar a maior parcela da mão de obra ocupada e a responder pela maior parte da produção de riqueza dos países. Junto a esse processo, ocorre em todos os outros setores, a terceirização. Tomemos o setor secundário como exemplo, pois em tal setor, muitas indústrias contratam indústrias menores, especializadas, para realizar parte de sua produção.
ATIVIDADES LIGADAS AO SETOR QUATERNÁRIO

A expansão da economia provocou a transferência das atividades produtivas de um setor para o outro, causando certo "inchaço" no terciário, que passa a não mais responder aos anseios da sociedade. A partir desse momento emerge, paulatinamente, a sociedade pós-industrial. Assim, notamos que o início da chamada era pós-industrial, ocorre a partir da década de 1950, marcando o começo dos esforços científicos, tecnológicos e políticos no sentido de informatizar a sociedade, fazendo surgir um novo setor econômico baseado na geração de serviços e na produção e transmissão da informação: o quaternário. Portanto, o surgimento do quaternário foi possibilitado pela chamada revolução tecnológica, que provocou alterações profundas na configuração social  e espacial  do ocidente, como a descentralização da economia, a alteração das práticas culturais, a democratização da informação e a redefinição do trabalho. Desse modo, no período atual, as economias dos países influenciam e são influenciadas umas pelas outras, pois, acontecimentos isolados passam a afetar a todos os países que estão ligados por diferentes relações. Como a produção e o consumo agora são mundializados, as grandes corporações estão presentes em quase todos os lugares do planeta, agindo como um grande sistema, onde ocorrem fluxos de todos os tipos, intensidades e direções. Nessa conjuntura, a telemática atua de forma a provocar alterações nas práticas culturais, numa tentativa de unificar as diversas culturas existentes em um mundo cada dia mais globalizado, pois, independentemente da localização geográfica, a informática influencia nos processos de difusão da informação. No entanto, tais avanços tecnológicos também provocam fragmentação, acarretando a diferenciação entre os espaços e culturas em vez de torná-los iguais. Concomitantemente a essas novas tecnologias de informação, a mídia, de modo geral, atuam como agente de primeira grandeza, difundindo costumes e culturas, como o chamado "consumismo". Nesse sentido, agora estamos em um tempo que é o da televisão e da telerrealidade, em que as culturas tendem a extrapolar o real imediato, o aqui agora, emergindo no fluxo de um tempo virtual, de imagens virtuais, consolidando o advento das novas tecnologias de comunicação. Nessa abordagem, essas novas tecnologias da informação tendem a conduzir à formação de uma nova sociedade de consumidores, de sujeitos que ligam seus terminais para consumir informações insignificantes ou informações sobre mercadorias que poderão ser consumidas mais rapidamente, sendo que também se pode adquiri-las com o mínimo de esforço. Devido a essa nova configuração, notam que: ... As informações utilizadas nos processos produtivos, na tomada de decisões, na geração de novas tecnologias são rigorosamente controladas. Entretanto, as informações que geram dispersão, confusão, distração, divertimento, lazer ou veiculam um modus vivendi, ideologias desmobilizadoras e concepções fantasiadas do mundo são democraticamente divulgadas.

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